Comportamento e tecnologia surda
Há comportamentos e tecnologias incorporados na vida diária da Comunidade Surda, a maioria dos quais objetiva a comunicação, o contato do surdo com o mundo dos sons, e entre eles mesmos a distância, por meio de uma 'agenda surda' bem definida, na qual se destacam: os torpedos, que, apesar de recentes, vêm se ampliando significativamente; a comunicação por meio de Telefones para Surdos (TS), sinalização luminosa para campainhas, telefone, alarme de segurança e detector de choro de bebê; relógios de pulso e despertadores com alarmes vibratórios; legendas ou tela de intérprete na TV intérpretes in loco nas igrejas, escolas, repartições públicas, hospitais, delegacias, comércio em geral etc); adaptação da arbitragem nos esportes, substituindo os apitos por acenos e lenços; entre outros.
No dia-a-dia da pessoa surda, há jogos, técnicas, brincadeiras e comportamentos interativos, ora adaptados de jogos de ouvintes, ora criados pela própria Comunidade Surda. Para fins de ilustração, apresentam-se alguns jogos e técnicas adaptados:
O jogo “escravos de Jó” foi adaptado por normalistas surdos no curso normal do Programa Surdo Educador" privilegiando o ritmo com que as 'pedrinhas' são passadas de um a outro em detrimento da melodia;
A conhecida técnica do telefone sem fio também foi adaptada, de forma que os participantes fazem uma fila indiana, e a pessoa.
A forma como rezam a oração do Pai Nosso também é interessante: enquanto ouvintes se dão as mãos, os surdos unem seus pés para poderem partilhar em 'voz alta' (com a língua de sinais) da oração universal do cristianismo.
Quanto à LIBRAS, cabe ressaltar a forma como os indivíduos são nela nomeados, atribuindo-se aos sujeitos características físicas, psicológicas, associadas ou não a comportamentos particulares, os mais variados, os quais personificam e, de certa forma, rotulam os indivíduos. É uma língua, como qualquer outra língua materna, adquirida efetiva e essencialmente no contato com seus falantes. Esse contato acontece, normalmente, com a participação nas Comunidades Surdas, onde a Cultura Surda vai pouco a pouco florescendo e, ao mesmo tempo, se diversificando em seus hábitos e costumes, que, pelos contextos distantes e diferenciados, refletem regionalismos culturais da Comunidade Surda. Nesse sentido, é fundamental o contato da criança surda com adultos surdos e outras crianças surdas para que haja um input lingüístico favorável à aquisição da língua, possibilitado por um ambiente de imersão em língua de sinais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário